Raymond Murray Schafer
(1933)
Diário de sons
Schafer é um educador musical e compositor canadense cujo trabalho preocupa-se com uma nova perspectiva de escuta e criação. Sua proposta envolve ainda a música contemporânea e o projeto "Paisagem Sonora", cujo intuito é perceber os sons que fazem parte de um determinado ambiente.
Principais Livros
Diário de sons
De acordo com o exercício proposto por Schafer no livro "Educação Sonora" , registrei os sons que mais chamaram a minha atenção durante cinco dias.
1º dia: 12/11/2013 Terça-feira
Logo pela manhã, acordei com o toque do celular do meu pai. Antes de sair de casa, dois sons me chamaram a atenção: o apito do microondas e o novo aparelho de telefone que meus pais compraram no último fim de semana.
Ao chegar no trabalho, me deparei com uma máquina muito barulhenta que estava recapeando a rua.
No período da tarde, nessa escola que trabalho às terças e quintas, é ensurdecedor. As paredes do colégio são todas feitas de divisórias que não chegam até o teto, pois o mesmo é muito alto. Conclusão: crianças e professoras gritando, rádio, ventilador, etc.
2º dia: 13/11/2013 Quarta-feira
Acordei com o meu despertador do celular tocando: um galo.
No período da manhã alguns alunos de flauta doce me irritaram profundamente ao me desrespeitar apitando o instrumento enquanto eu tentava dar aula.
Na hora do almoço fui até uma papelaria e quase não conseguia conversar com a atendente por causa dos caminhões barulhentos que passavam na rua. Certamente foi o som mais forte que ouvi hoje.
O som mais bonito que ouvi hoje foi da canção "Apanhei-te cavaquinho" que coloquei para meus alunos ouvirem.
3º dia: 14/11/2013 Quinta-feira
Hoje acordei com os meus pais conversando na sala.
De manhã, no trabalho, uma criança caiu no chão e o barulho foi muito forte.
Voltando para casa para almoçar, presenciei uma batida de carro, daquelas que a gente até pula de susto.
Antes de dormir, ouvi vários carros de polícia passando pela rua da minha casa.
4º dia: 15/11/2013 Sexta-feira
Feriado...
Minha mãe estava fazendo um bolo de aniversário para minha madrinha e acordei com sons de panelas caindo e batedeira ligada.
A tarde toda a família cantou "Parabéns" e foi bonito de ver a animação deles.
A noite fiquei fugindo do "radinho de pilhas" que meu avô fica ouvindo. Fechei a porta, até coloquei fone de ouvidos, mas parecia que aquela chatice de rádio AM ainda estava lá.
5º dia: 16/11/2013 Sábado
A escola de música que trabalho aos sábados não emendou o feriado, pois tem uma audição em breve. Durante a manhã e a tarde participei dos ensaios. No final do dia já estava com a voz e os ouvidos cansados.
Nesse período um aluno de bateria ficou tocando sem parar enquanto as pessoas tentavam discutir assuntos pertinentes aos ensaios. Irritante!
Conclusão
Esse trabalho de registrar os sons me fez perceber que apesar de eu viver de música, no meu dia-a-dia os ruídos parecem estar sempre presentes e aqueles sons que realmente tocam a gente, que me fizeram querer tocar um instrumento e então viver de música, estão pouco presentes ou ausentes. Isso realmente me deixou triste, mas acho que é uma das consequências que sofremos por viver em uma cidade tão grande e que cresce de maneira desordenada.
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